Muito se fala de ciclo de drogas anabólicas androgênicas e de seus efeitos colaterais, mas pouco se comenta a respeito de como restituir os níveis normais de testosterona e de como minimizar efeitos colaterais. Alguns segmentos da mídia, neste tocante, parecem bastante inconseqüentes e até cínicos; como se desejassem que usuários destas drogas realmente tivessem salientado todos os efeitos colaterais que adoram mencionar, só para que “levem uma lição”, e preferencialmente que morram. Afinal, pessoas que utilizam estas drogas normalmente possuem mais massa muscular comparado com as que não utilizam. O instinto primitivo, por demais saliente no menos culto, deseja “eliminar” sempre que possível aquele, que é o macho mais forte, para que ele, mais fraco e miserável, possa cobrir mais fêmeas.
Um ciclo para recuperação da produção dos níveis naturais de testosterona é normalmente recomendado para quem termina um ciclo de esteróides anabólicos de característica bem androgênica, como aqueles com testosterona aquosa, testosterona nas formas propionato, cipionato, enantato, nos compostos como Durateston, nas orais metandrostenolona e oximetolona, etc.
Algumas estratégias podem surtir efeito recuperativo bastante expressivo, mesmo entre aqueles que usaram muita(s) droga(s) androgênica(s). Existe ainda, uma tendência natural da recuperação se tornar cada vez mais difícil, na medida em que a pessoa avança sua idade. A única forma de averiguar precisamente esse fato, bem como precisar dosagem, é com a realização de um exame sanguíneo específico, e com a prescrição de um médico que entende do assunto. Você terá maior probabilidade de encontrar um cuja especialidade seja endocrinologia, urologia ou geriatria.
Em condições normais, a tendência, mesmo após um ciclo pesado, é o restabelecimento da produção natural de testosterona, mesmo sem o uso de droga nenhuma. No entanto, esse processo poderá ser muito lento, impossibilitando um próximo ciclo com curto intervalo. Lembremos que pessoas pouco pacientes e alguns atletas competitivos não dispõem – ou não desejam – dar muito tempo de intervalo entre ciclos. Inclusive, existem relatos de esterilização persistente em usuários sistemáticos de esteróides anabólicos.
É bom lembrar que, durante o uso de esteróides anabólicos androgênicos, ocorre uma tendência de aumento da libido, ou seja, o usuário poderá cobiçar até a galinha do terreiro ou o buraco da parede. Mas, ao cessar o uso, com a queda dos níveis de testosterona, um efeito reverso é comum. O indivíduo poderá passar por momentos difíceis com a namorada, esposa, amante, etc. Portanto, é conveniente levar a sério o ciclo recuperativo, a não ser que se tenha um monte de Viagra no bolso. Nada como se fiar em suas condições biológicas naturais, pelo menos nesse caso.
A restituição dos níveis naturais de testosterona em curto prazo, também é útil para minimizar a perda da massa e força muscular, evitar sintomas de depressão, acúmulo de gordura corporal e restituição da libido, porque são esses os indesejáveis sintomas experimentados pelos desavisados e descuidados.
O início de um ciclo de recuperação irá depender da meia vida da última ou das últimas drogas administradas. Se foi algo como Durateston, inicia-se o ciclo de 3 a 4 semanas após a última aplicação, pois a testosterona exógena ainda estará atuando, criando um efeito inibitório pela sua ação de supressão dos hormônios gonadotrópicos. Se for uma droga como o propionato de testosterona, poucos dias após a última aplicação poderão ser suficientes para iniciar tal ciclo. Já se for uma droga oral, com horas de meia vida, no dia seguinte pode-se iniciar a utilização desse recurso recuperativo, desde que não haja a ação de uma outra droga de duração mais longa combinada.
A droga primária a ser utilizada após ciclos longos e com drogas mais androgênicas é o HCG, pois está ligada a restauração da atrofia testicular sofrida pelo uso de esteróides anabólicos muito androgênicos. Esta é uma droga que provoca a fertilização (ovulação) em mulheres com dificuldade para engravidar. O HCG é elaborado a partir da purificação da urina de mulheres grávidas, que naturalmente é rica nesse hormônio. Já que não é um hormônio masculino, ele acaba por imitar o LH (Hormônio Luteinizante), que é um estimulador da produção de testosterona presente no organismo. Como ponto negativo, há uma teoria que relaciona o uso contínuo e prolongado de HCG com o fechamento definitivo do mecanismo natural de produção de testosterona no homem.
Drogas antiestrogênicas como o Clomid (citrato de clomifeno) e o Nolvadex (citrato de tamoxifeno), funcionam como drogas auxiliares para o restabelecimento e manutenção dos níveis de LH, que está diretamente relacionado com a volta progressiva na produção natural de testosterona, combatendo assim, a ação supressora dos estrógenos. Mas o principal é a retomada das funções normais dos testículos. Por isso, não vemos utilidade em usar somente anti-estrógenos após ciclos pesados e mais longos, quando o objetivo é restabelecer a produção normal e natural de testosterona.
É conveniente posicionar que mulheres que fazem ciclos de esteróides anabólicos androgênicos, não utilizam nenhum meio para restituição dos níveis naturais de testosterona, pois produzem cerca de 10 a 14 vezes menos testosterona que o homem, sendo que esta não advém dos testículos, mesmo porque mulheres não os possuem, ou pelo menos não deveriam! Esse hormônio pelas mulheres é produzido pelo ovário. Após ciclos curtos, com drogas mais leves e ou de meia vida curta, somente a utilização de anti-estrógenos parece auxiliar a retomada da produção de testosterona. Nesse caso, o uso de citrato de clomifeno parece fazer a mágica. Mas a única forma de averiguar é com o exame sanguíneo específico e a análise de um médico especialista.
Na verdade, a grande maior parte de indivíduos que insistem em fazer uso de esteróides anabólicos androgênicos, deveriam se fiar em treino sério e dieta equilibrada e não fazer ciclo de drogas algum. Dentre estes desavisados, é ainda comum não haver um devido intervalo entre os ciclos, o que não permite a devida restauração dos níveis naturais de testosterona, salientando os riscos de possíveis efeitos colaterais. Ou mesmo, atravessam por intervalos tão curtos e desconhecendo a meia vida da última droga utilizada – por completa ignorância – permanecem no ciclo o tempo inteiro.
O período mínimo de descanso entre ciclos dependerá da meia vida das drogas utilizadas, da utilização ou não de anti-estrógenos e HCG durante o intervalo. Perdas são normais nessa fase, mesmo porque, dentre outras coisas, drogas anabólicas promovem muita retenção hídrica intra-celular. Lembremos que aproximadamente 70% do volume muscular é composto de água. Quem entra nessa guerra, deve estar consciente das perdas eventuais e ser devidamente orientado para administrá-la biológica e mentalmente.
Alguns atletas que suportam o uso de clembuterol o utilizam entre ciclos, num esforço para manter a maior massa muscular possível e controlar o tecido gorduroso subcutâneo. Porém, outras estratégias mais saudáveis também podem ser utilizadas. Isso envolve o treinamento, que deve continuar com a devida intensidade e volume, sempre levando em conta que, após um ciclo, a tendência é uma diminuição nas variáveis funcionais. O atleta não deve parar de treinar, porém fazê-lo com sabedoria. A manutenção de dieta adequada e o uso de suplementos com ação anti-catabólica, tais como HMB, glutamina, creatina e BCAA’s também devem ser considerados. O uso de vitamina C é uma ótima medida, visto que ela auxilia no controle da produção de cortisol pelo organismo. Como se sabe, esse hormônio catabólico apresenta seus níveis elevados no término de um ciclo. Vale ainda ressaltar que reduzir muito a ingestão de carboidratos nessa fase não seria adequado, pois a restrição severa esse nutriente ocasiona um aumento considerável na produção de cortisol.
Para informações mais detalhadas sobre ciclos de recuperação dos níveis naturais de testosterona e outras drogas utilizadas para melhorar a performance e a aparência física, leiam o livro Guerra Metabólica – Manual de Sobrevivência
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